Ontem entrei no mar pesado. Remei com a dificuldade de quem não surfa desde a Páscoa. Corpo-pranchão lento, deslocando o oceano para trás dos cômoros formados durante décadas de vento. Dropei desajeitado uma esquerda e uma direita. Vaqueando de canto fui saindo sem a saideira ideal, mas com a dignidade de quem entrou no mar.
Hoje, 25 de outubro, me preparo para surfar depois da chuva.
Surfei próximo aos molhes de pedra, esperando a série acompanhado por dois botos. Ondas de um metro e meio rolavam sem muito espaço de intervalo, proporcionando experiências distintas de drops. Esquerdas, direitas, retosides cavados e escorridos seguidos de vacas e quase-tubos. A orla balançava em festa. O ano acabando, o mar se abrindo para o horizonte novo, limpo e próximo. Vaquejando satisfeito, curava-me no mar, afeitando o espírito em vagalhões de esperança: água verde de novembro.
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